Informes sobre o Fórum Mundial da Água e sobre o Fórum Alternativo Mundial da Água
Aspecto do Ribeirão Botica na TI. Apinajé. (foto: Antonio Veríssimo. Set. 2017) |
1. O 8° Fórum
Mundial da Água – FMA acontecerá em Brasília entre os dias 18 a 23 de março de 2018. O Fórum
Mundial da Água terá todo o apoio do governo local (GDF) e do governo federal
através da Agencia Nacional de Águas - ANA. Estimam-se reunir em torno de 30
mil pessoas (empresários e representantes de governos e das instituições da ONU
entre outros) em Brasília.
2. O
evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água,
instituição que reúne cerca de 400 organismos internacionais, governamentais,
da sociedade civil, do setor privado e da academia. Essas entidades estão
espalhadas por aproximadamente 70 países. Além destes, figuram como membros do
Conselho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura - UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura - FAO, o Banco Mundial; o Programa das Nações Unidas para
Assentamentos Humanos - ONU-HABITAT e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima – UNFCCC recebeu em janeiro de 2017 o estatuto de
membro-observador.
3.
Pode-se
ler no sitio oficial do FMA que o “evento contribui para os diálogos que
orientam processos decisórios globais sobre o uso racional e sustentável da
água”. Dizem também que o “evento que reunirá os
principais especialistas, gestores e organismos envolvidos na gestão e
preservação dos recursos hídricos do planeta”. Porém, o FMA e o Conselho Mundial da Água, são vinculados a organizações privadas, em
especial as grandes corporações multinacionais, que tem como meta
impulsionar a mercantilização da água; a intensificação das práticas de
transposição de bacias hidrográficas privilegiando o atendimento das demandas
por água a qualquer preço em detrimento da sua gestão; a construção de
barragens para os mais variados fins afetando de forma significativa populações
ribeirinhas sem considerar impactos sociais e culturais; a apropriação e
controle dos aquíferos subterrâneos; entre outros.
4. Em função deste diagnostico e apesar da publicidade
ideológica contrária, afirmamos (as organizações religiosas e os movimentos
sociais e sindicais do Brasil) que: a) o
FMA será um grande mercado de água, hegemonizado
pelas grandes corporações como a Coca-Cola, a BUNG, a MONSANT, a SUES etc.; b) que
os
interesses destas empresas são de apropriação das reservas de água para gerar
lucros extraordinários; c) que esta prática impõe fortes impactos financeiros e
restrições de acesso à população de todo o mundo, afetando, sobretudo as
populações e povos tradicionais mais pobres e d) que o Conselho Mundial da Água não tem legitimidade pra para entregar às Corporações
privadas a água que é um bem comum.
5. Da
mesma maneira que ocorreu durante a realização dos outros FMA, as organizações
sociais e populares representantes dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e
da cidade organizarão no Brasil o Fórum
Alternativo Mundial da Água – FAMA. No momento atual, estamos em processo
inicial de preparação. Portanto com alguns avanços e algumas lacunas a serem
resolvido. O
objetivo do FAMA é questionar a privatização da água, do saneamento básico, dos
recursos naturais e a exploração deles por grandes empresas. Além disso, visa
denunciar a ilegitimidade do Conselho Mundial da Água.
6. O FAMA está sendo gestado a partir de uma
coordenação Nacional, articulada com organizações Internacionais. Estão sendo
criados Comitês Estaduais. Por ser um grupo amplo e diverso, há contradições na
metodologia e mesmo na proposição de ações. Mas conseguiu-se conciliar as ações
para os dias 17 a 22/03/2017, sendo o dia 22/03 – Dia de mobilização em Defesa
das Águas. Os temas ainda estão sendo definidos. Mas é importante deliberar a
partir de nossa realidade local articulados com os temas nacionais. Os temas
nacionais serão definidos até final do mês de novembro. Para os espaços de
discussão e mobilização é importante a comunicação e a sistematização.
7.
Importante nesse
processo:
a) Criar e fortalecer os comitês estaduais permanentes,
propositivos e não só para a discussão pontual, que seja um esforço coletivo
que será levado a frente posteriormente ao FAMA.
b) Fazer um grande evento de massas paralelo ao fórum
oficial, para isso é fundamental a participação do nosso campo de articulação
que debate o tema da água, articulando algumas ações em Brasília, mas
fortalecer as ações locais.
c) Mobilizar a sociedade para defender a água como bem
público que não deve estar sob o controle de meia dúzia de empresas
d) Desenvolver debates, ações locais contra a
apropriação e privatização das águas, sistematizar os conflitos e experiências
na defesa das águas, elaborando um dossiê.
e) Envolver todas as organizações que tem acúmulo nas
ações de resistência, sistematização, produção de conhecimento.
Sistematização:
Vanderlei Martini (Cáritas), Isolete Wichinieski (CPT).
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